terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Escutas do Gaeco envolvem José Antonio Patrocínio

Elas revelam indícios de pagamento de propina a Diego e Fabrizio; outro secretário teria se reunido com chefe do esquema As interceptações telefônicas gravadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) - Núcleo de Sorocaba - envolvem mais um integrante do primeiro escalão do governo do prefeito de Americana, Diego De Nadai (PSDB), no escândalo de corrupção chefiado pelo Grupo SAS (Sistema de Assistência Social e Saúde). Reprodução de trecho da conversa mostra mensagem de Fabrício Bordon para Fabio Carone questionando sobre a reunião com patrocínio Reprodução O chefe do esquema, Fábio Berti Carone, que se especializou no desvio de recursos da saúde pública, também teria se reunido com o secretário da Fazenda de Americana, José Antonio Patrocínio. O LIBERAL teve acesso à parte dos relatórios que compõem a investigação. O material foi disponibilizado para os advogados que trabalham no caso. O LIBERAL revelou, na edição do último sábado, que as escutas dão indícios de que o prefeito Diego e o secretário da Saúde, Fabrizio Bordon, teriam recebido propina de R$ 100 mil do Grupo SAS. Em um trecho dos relatórios, Fabrizio fazia a intermediação de uma reunião entre Fábio e Patrocínio. Às 17h45, do dia 22 de maio deste ano, ele encaminhou uma mensagem de texto por celular para Fábio com o objetivo de combinar uma reunião com Patrocínio. "Fábio, boa tarde. Em nome do secretário da Fazenda, José Antonio Patrocínio, pergunto se você poderia reunir-se com ele em torno das 15 horas, no dia 25/6", diz a mensagem. Em Americana, o Instituto SAS é o responsável pelo gerenciamento da Rede Nossos PAIs (Programa de Atendimento Imediato), através de um contrato de R$ 75 milhões. O esquema de corrupção veio a público há uma semana, quando foram presos representantes do Grupo SAS, através da Operação Atenas, deflagrada pelo Gaeco. O chefe da quadrilha acabou preso e, na residência dele, em São Paulo, foi encontrada a quantia de R$ 1 milhão. A investigação identificou que a quadrilha utilizava empresas de fachada para emissão de notas fiscais frias e superfaturadas. O mesmo esquema era utilizado nas cidades que contavam com os serviços do SAS. A estimativa é que pelo menos 10% do valor dos contratos eram desviados. CALOTE. Em entrevista ao LIBERAL, na semana passada, Fabrizio admitiu que também intermediou uma reunião entre Fábio e Diego. O objetivo seria discutir sobre o calote da Prefeitura ao SAS e solicitar que o serviço não fosse paralisado. Em entrevista ao programa Fantástico, que foi ao ar no domingo revelando o esquema, o secretário não soube explicar o motivo de tanto ele quanto o prefeito terem se reunido com Fábio, que não era oficialmente o proprietário do Instituto SAS. As investigações revelam que algumas das empresas que fazem parte do grupo eram de propriedade de laranjas. A reportagem não conseguiu contato ontem com Patrocínio para comentar o assunto. A investigação específica referente a Diego foi encaminhada para a Cecrimp (Câmara Especializada em Crimes Praticados por Prefeitos), da Procuradoria Geral de Justiça, porque o prefeito tem foro privilegiado. Já os demais agentes públicos envolvidos serão investigados pelo Ministério Público local.

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