segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Marina Tiririca Silva, por Afonso Arinos

candidata Marina Silva tornou-se a sensação do primeiro turno da eleição presidencial 2010. Graças a sua expressiva votação, a decisão de quem será o presidente ficou para 31 de outubro. Ficou bastante claro que ela teve influência sobre o resultado e agora seu apoio está cotado a peso de ouro, sendo disputado por Dilma Roussef e José Serra. A meu ver Marina Silva foi o Tiririca de nível nacional.




A candidata Dilma Roussef veio perdendo votos a partir do caso Erenice Guerra (não colou a história do dossiê). Esta perda foi aumentada com confusões sobre sua posição sobre o aborto e a suposta fala que "não perderia esta eleição nem para Jesus". Estes votos não migraram para José Serra, visto que este tem um índice de rejeição alto e conduziu sua campanha de forma atrapalhada e foi muito agressivo com o Presidente Lula, que tem índices de popularidade altos em todas as camadas da população.



Os votos que Dilma perdeu migraram para Marina Silva, que foi a opção encontrada para o eleitor que não vota em José Serra. Inconformado com o caso Erenice e avesso à agressividade de Serra, votou em forma de protesto em Marina Silva. Assim como Tiririca recebeu votos de protesto em São Paulo, Marina os recebeu em nível nacional – foi a Tiririca sem a pinta de palhaço. A partir de então, criou-se a idéia que possui um capital político grande, mas não acredito que seja tão elevado assim.



Agora que se tornou uma noiva cobiçada, devemos pensar se ela realmente é "proprietária" destes votos ou apenas a opção de protesto do primeiro turno. No segundo turno o eleitor terá de escolher entre dois candidatos e Marina não está entre eles. Acredito que a opção do eleitor será menos protesto e mais de acordo com sua consciência e seu bolso. Marina Silva corre o sério risco de passar de noiva cobiçada a uma tia solterona de idade avançada. De fato, seu ápice eleitoral aconteceu no discurso que fez no último domingo após os resultados estarem definidos, com seus correligionários em festa. Se possui algum poder de barganha, este se encerrará em 31 de outubro, pois quem quer que seja eleito poderá concorrer a reeleição em 2014 e, com certeza, não dará espaço para a candidata do PV. Outro fato que atrapalhará sua carreira política é que não estará com mandato e, mesmo que concorra a prefeitura de Rio Branco (a não ser que transfira o domicílio eleitoral), fica a dúvida se será eleita pois no estado Acre ela teve menos votos que a média nacional, ficando bem atrás de Dilma e Serra.



O que podemos concluir é que o PV está tentando negociar votos que não são seus e a própria Marina Silva não sabe realmente se eles lhe pertencem. Parece um jogo de poker com o blefe a todo vapor. Independente de seu sucesso nestas negociações, Marina Silva presidente acabou em 03 de outubro.



Afonso Arinos de Farias Gonçalves

Cientista Político







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