quarta-feira, 28 de abril de 2010

minha propia historia

minha propia historia Associação facilita lotes para famílias sem-teto

Dos 4 loteamentos da Asta, 2 têm moradores; prazo pode ser longo

Juliana Tonin - Região

Um homem mora há um ano e meio numa carroceria de caminhão na divisa entre Nova Odessa e Americana. É Abraão Lopes Santana, de 26 anos de idade, que nasceu em Pirinópolis, Goiás e chegou ao Estado do São Paulo em 1995 na esperança de conquistar uma vida diferente da que tinha em sua terra natal, onde trabalhava em algumas fazendas.
Como ele, outras famílias na região vivem o drama de não ter um teto, reflexo da ausência de políticas habitacionais eficazes. O caso mais recente, pode ser visto em Santa Bárbara d’Oeste, onde 350 famílias correm risco de serem despejadas de um conjunto de prédios.
Mas Santana pelo menos tem perspectiva. Ele é uma das famílias que não têm onde morar mas conseguiu comprar um lote por meio da Asta (Associação dos Sem-Teto de Americana). Santana terminou de pagar o lote, no Novo Paraíso, há dois anos, mas ainda não se mudou para lá e não tem previsão de quando terá condições de construir sua casa.
Dos quatro loteamentos adqüiridos pela Asta, dois deles já contam com moradores. O primeiro com 66 lotes, recebeu o nome de Vitória e desde 1999, as famílias já ocupam os imóveis. O segundo, o loteamento Popular Conquista, com 78 moradias foi entregue na mesma época.
“Já estou pensando até em voltar pra Goiás se não resolver isso até o ano que vem”, revelou Santana, que aguarda há tanto tempo.
Apesar da ansiedade de Santana, Lima explicou que os procedimentos para o início das construções precisam cumprir os procedimentos burocráticos nos órgãos municipais e estaduais.
“O terceiro loteamento (Novo Paraíso), que vai atender 350 famílias, está em fase de aprovação pelo Estado e deve estar liberado para construção em 2004”, explicou Lima.
O único pré-requisito para se associar à entidade é não possuir moradia e as negociações são todas feitas de forma a evitar a especulação imobiliária.
“O custo do lote, já com água e esgoto sai para cada sócio R$ 3.155, um valor muito pequeno que é pago através de parcelamento”, disse Lima.
Santana, antes de conseguir parcelar seu lote, morou de favor por cinco anos. Depois, precisou sair e foi obrigado a ir morar em seu local de trabalho. Na carroceria, que conseguiu como pagamento de uma dívida do antigo patrão, ele montou uma barraca de frutas, de onde tira seu sustento, e um pequeno quarto, onde passa as noites.
Sem qualquer infra-estrutura, Santana não se abate com as condições em que vive. No pequeno cômodo, as roupas estão penduradas em varais e vai logo avisando: “não repare na bagunça, porque casa sem mulher é assim mesmo”.
A cama ele improvisou com engradados de garrafas que apóiam um velho colchão. Para assistir a pequena televisão de cinco polegadas ele utiliza a bateria de seu Fiat 147, que guarda atrás da barraca.
A água, ele consegue nas torneiras do pedágio. “Ninguém acredita o que eu faço pra viver aqui”, fala sorridente. Como o barraqueiro, muitas pessoas na região não têm um teto para morar e permanecem à margem da diginidade humana.
Dados do Atlas de Desenvolvimento Humano revelam que em 2000, cerca de 12 mil pessoas, distribuídas entre Cosmópolis, Santa Bárbara d’Oeste, Hortolândia e Sumaré, moravam em domicílios subnormais, ou seja, sem condições de garantir condições mínimas de higiene e bem estar.
O número representava 1,22% da população da Região que era, segundo dados do Censo/2000, de 981.155 habitantes. Em 1991, cerca de 12,9 mil pessoas moravam em condições precárias na Região.
Apesar da redução do número de sem-teto, a falta de políticas habitacionais que resolvam problemas de quem não tem renda para participar de projetos populares ainda preocupa.

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