domingo, 22 de maio de 2011

"FUI ABORDADO POR POLICIAIS; ESTA É A DIFÍCIL ARTE DE SERNEGRO NESTE PAÍS"

Boa Noite!



Hoje, dia 18/05/2011, ao sair do meu trabalho, parei para conversar com um amigo defronte a uma Loja de roupas, na rua Prudente de Moraes e também de frente com a Igreja Batista, centro da cidade, por volta das 18:15 horas, quando fomos abordados pela policia militar que empunhando uma metralhadora, suponho, nos mandou colocar as mãos na parede, abrir as pernas e dai fomos revistados em meio aos olhares curiosos das pessoas que ali passavam e um grande trafego de carros, indaguei ao policial se isto estava ocorrendo porque éramos negros e porque estávamos em frente de uma Loja onde presumiamos que as funcionarias acionaram os policias, até porque éram negros e ainda que modestamente estava bem vestido, nossa cor é sempre suspeita.



O policial nos colocou que não era nada disso, que devíamos entender que eles só estavam cumprindo o papel deles que é o de proteger a sociedade, mas ressaltou que se estivéssemos na calçada da igreja do outro lado da rua não teríamos problema.



Explicou-nos o policial que não era racismo até porque eles tem policiais negros na corporação (não é fator relevante), solicitou-nos o documento para ver se não tinhamos ficha criminal, logo após, as meninas daquela loja de classe média alta, saíram, e com certeza deveriam ter exclamado, ufaaaa!, estes negros não eram bandidos.



Posso até entender o dever do Estado de coibir a violência através de seu aparato repressivo, a policia militar, de que devem fazer as diligências e abordar as pessoas no sentido de inibir a ação de meliantes, mas, a proporção para cada negro abordado deveria ser a mesma para um branco, e o que vemos quando estamos na rua é que somos 90% dos abordados, que a policia nesta hora, dentro de um país de racismo velado e de falsa Democracia racial escolhe seus algozes, e estes, somos nós o povo afrodescendente.



A violência institucionalizada tem cor, andem pelas ruas e notem qual é a proporção entre negros e brancos que sofrem a violência e a humilhação do aparato repressivo, sabemos que o sistema de exploração capitalista, o aparelho repressivo que é a policia esta a serviço de uma elite. É, quem sabe se estivéssemos do outro lado da calçada!!! Esta abordagem policial não é neutra, ela tem suas vitimas preferenciais, no caso brasileiro, a vitima preferencial é o negro do sexo masculino e obviamente pobre.



Como é difícilil ser negro neste país, basta entrar na loja ou supermercado e olhem para trás, lá esta o segurança disfarçado nos seguindo, se entramos na porta giratória de um banco, dificilmente ela irá deixar de travar, sem contar as dificuldades para arrumar emprego.



É, o alvo é mesmo o negro, este é sempre suspeito a ponto do senso comum racista consagrar o bordão: " O negro correndo é suspeito, parado é ladrão".

Quem sabe a gente ainda não desencadeia uma campanha para que nossos irmãos negros não utilizem a calçada daquela loja ou até mesmo comprem ali, afinal sobre nós paira o sentimento eugenista que se somos negros, somos suspeitos.



Como difícil a arte de ser negro neste país.



Antonio Carlos Vianna de Barros

Santa Bárbara d'Oeste-SP

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