sábado, 4 de fevereiro de 2012

Educação: parceria entre pais e professores!, por W Zigarti

Nas reuniões de pais das escolas em que leciono, gosto de conversar individualmente com cada pai, mãe ou responsável pelos alunos, para que eu possa traçar o perfil das famílias, de modo a tentar compreender a personalidade dos discentes. Com raríssimas exceções, o aluno é espelho da estrutura familiar em que está inserido, refletindo atitudes e comportamento de seus genitores.
Não é raro sermos procurados por pais, muitas vezes desesperados por não saberem como conduzir o processo de educação informal de seus rebentos, queixando-se da postura inadequada deles em casa. Ora, atribuir unicamente ao professor e à escola a condução integral do processo educativo é atestar o despreparo na criação dos filhos. Certo dia, assistindo a uma explanação de Mário Sérgio Cortella, grande disciplino do gênio Paulo Freire, iniciei uma reflexão sobre as mudanças negativas ocorridas nas famílias nas últimas décadas e o distanciamento entre pais e filhos. Há vinte anos atrás, geralmente havia um único aparelho televisor em cada casa, o que obrigava toda a família a sentar-se junta no sofá e interagir, mesmo que fosse durante os intervalos comerciais dos programas. Pais e filhos tinham por hábito realizar as refeições juntos. Havia proximidade, calor humano e vivência coletiva. Era comum (sem apologia ao “machismo), após as refeições, as meninas auxiliarem suas mães com a louça, enquanto um irmão menor era encarregado de enxugá-la, todos observados pelos olhos carinhosos do pai. Após o jantar, os pais auxiliavam, na medida de suas possibilidades, os filhos com as tarefas escolares, demonstrando interesse pela vida acadêmica de suas crias.
Hoje, costumo dizer que vivemos a era “tatu”, onde cada membro da família, influenciado pelo amplo acesso à tecnologia, isola-se em sua “toca”, seu quarto, onde dispõe de sua própria TV, computador, aparelho de som, e de onde não sai sequer para realizar as refeições. A interação entre pais e filhos foi reduzida a poucos minutos diários. O calor humano dissipou-se. Muitos pais e mães perdem horas em frente à TV, assistindo todas as novelas da emissora, mas não conseguem quinze minutos para olhar o caderno de seus filhos. Os pais não abraçam mais suas crianças, não lhes fazem cafuné ou lhes beijam. É tudo tão frio e individualista, que acaba por formar jovens despreparados para conviverem em harmonia social.
Pais, olhem com carinho para os seus filhos. Mantenham, com eles, um diálogo diário! Questionem sobre as atividades escolares. Olhem os cadernos. Demonstrem interesse por aquilo que eles produzem! O processo educativo é uma grande parceria, onde pais exercem relevante papel!

Wellington Zigarti
Professor, Advogado e Jornalista

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