domingo, 17 de junho de 2012

UM CAFÉ COM LEONEL BRIZOLA

Eram meados dos anos 90, eu ainda muito novo saindo das ruas depois de inúmeras passeatas, vigílias, e manifestações depondo o Presidente Fernando Collor de Mello, as ideias e a descoberta de um novo mundo, de novos amigos, e novos conceitos afloravam em minha mente. Estava mergulhado nas lutas da UNE e da UBES quando surgiu uma agenda de um café com o Ex-Governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola. A UNE e a UBES pretendiam agradecer o apoio que Leonel Brizola tinha dado em nossa luta pelo impeachment de Collor. Era um dia escaldante no Rio de Janeiro. Eu e alguns dirigentes do Movimento Estudantil Nacional por volta das 14 horas nos encontramos na avenida Atlântica em Copacabana, em frente ao apartamento de Leonel Brizola. Ao sermos anunciados, fomos convidados a subir no apartamento do governador. Logo na saída do elevador ali estava ele em pessoa para nos receber. O menino de Carazinho, interior do Rio Grande do Sul, o engraxate, o ascensorista, o engenheiro, o prefeito de Porto Alegre, o Governador do Rio Grande do Sul, o líder da rede da Legalidade, o exiliado político, o governador do Rio de Janeiro, o Presidente Nacional do PDT, Leonel Brizola. Seu sorriso fácil e cativante logo se abriu recebendo um a um que logo era convidado adentrar em seu apartamento. Na ampla sala de estar de seu apartamento, na mesa de centro havia uma belíssima maquete do CIEP projetado por Oscar Niemayer e implantado por Darcy Ribeiro nos governos de Brizola naquele Estado. Brizola estava bem animado e logo nos serviu um café bem quente; entretanto ele mesmo disse que o dele ele iria esperar esfriar , pois gostava de café em temperatura ambiente. Começamos ali a conversar, e logo Brizola começou a narrar um pouco sobre sua historia politica desde a saída de Carazinho, com uma passagem de trem de segunda classe, para ir estudar em Porto Alegre. Enquanto Brizola contava-nos detalhes de sua trajetória de vida consequentemente política, notávamos seu entusiasmo pelas ideias que ele ia ensinando. Notei também o imenso afeto como ele falava de Dona Neusa Goulart Brizola, falecida há pouco tempo. Brizola ali contava detalhes surpreendentes de nossa história e da qual ele fora grande protagonista. Já era perto das 18 horas e ainda nem tínhamos chegado ao golpe de 64, e aquele senhor, firme, entusiasmado, apaixonado por causas dava ali, diante de todos uma inesquecível lição de vida e de dedicação ao seu povo e ao seu país. Saímos deste encontro perto das 20 horas com uma sensação incrível, de que naquele dia, tivemos uma verdadeira aula de historia e de amor à pátria. Na saída, Brizola ao se despedir de nós ainda disse, “meninos não deixem que as ideias se percam pelo pragmatismo político, vocês são a esperança de nossa pátria”. Poucos anos depois voltaria a me encontrar com Leonel Brizola que agora abonava a minha ficha de filiação ao PDT, e que me permitiu trabalhar por um período riquíssimo juntamente com ele em suas últimas causas a favor do povo brasileiro. Entretanto governador Leonel Brizola, continuamos a defender suas causas e a sua luta principalmente a causa da educação que é o único caminho da emancipação do povo brasileiro. Henrique Matthiesen

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