domingo, 15 de julho de 2012

PARTE DA MINHA HISTORIA Despejado’, sem-teto deixa carroceria

Por determinação da prefeitura, rapaz de 26 anos se desfez de sua “morada”, na beira da estrada Juliana Tonin - Nova Odessa O barraqueiro Abraão Lopes Santana, 26, que morava numa carroceria de caminhão a poucos metros do pedágio municipal de Nova Odessa, instalado no limite com Americana, foi obrigado a abandonar o local. Santana, que foi personagem da reportagem “Associação facilita lotes para famílias sem-teto”, publicada na edição de 23 de novembro do TodoDia, recebeu na mesma semana a visita de funcionários da prefeitura, que o notificaram para desativar a barraca de frutas. “A vida continua e eu não vou deixar meus objetivos por causa de perseguição”, disse Santana, enquanto tirava os últimos pertences. Ele está na cidade desde 1996, quando recebeu uma autorização do prefeito Simão Welsh (PTB). “O prefeito me deixou ficar aqui temporariamente, mas não tinha prazo de validade”, contou o rapaz mostrando um cartão de visitas de Welsh, com permissão assinada no verso. Mesmo não sendo um formulário oficial ou coisa parecida, o cartão foi guardado com todo cuidado. “Era o único documento que eu tinha para comprovar que não estava irregular”. O barraqueiro foi obrigado a mudar-se para sua barraca de frutas há cerca de um ano e meio, depois que teve de sair de uma casa onde morava de favor. “Agora estou por aí, dormindo um dia em cada canto”. Por medo de ficar na barraca depois da notificação, ele não pernoitou mais no local. O barraqueiro deu a carroceria para um mecânico em troca de um serviço em seu velho Fiat 147, e deve sair em breve. Segundo ele, antes da publicação da reportagem, a administração nunca o procurou para ajudá-lo ou exigir sua saída. “Foi o próprio Simão (Welsh) que autorizou que eu ficasse aqui e, agora, eles estão fazendo pressão”, reclamou o rapaz. Na notificação, a prefeitura concedeu apenas um dia para desativar a barraca de frutas. “Isso faz duas semanas, mas só agora consegui alguém que tivesse interesse nessa carroceria”. Apesar do problema, Santana disse que espera conseguir trabalho. “Fiz curso de vigilante na Escola Paulista de Campinas e, se alguém puder me oferecer trabalho, seria muito bom”. O rapaz está prestes a concluir o segundo grau num curso supletivo de Americana. “Isso foi perseguição, mas a vida continua”. PREFEITURA A assessoria de imprensa da prefeitura informou que Welsh tinha concedido a permissão em 1996, porque Santana estava desempregado. A administração não tinha conhecimento de que o barraqueiro morava no local, o que desencadeou a notificação. De acordo com a assessoria, a Coordenadoria de Obras e Urbanismo teria a informação de que o rapaz tem família em Santa Bárbara d’Oeste e, portanto, não ficaria desabrigado. Santana explicou que o pai vive numa casa de apenas um cômodo com a segunda esposa e mais cinco filhos e não há lugar para ele.

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