quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Verdades inconvenientes

Além de levar apreensão à grande parte da população, a escalada da violência no Estado de São Paulo está servindo, entre outros, para evidenciar inúmeros problemas envolvendo direta ou indiretamente o efetivo e a instituição de segurança pública que mais ataques vêm recebendo do crime organizado: a Polícia Militar. Justamente em meio à intensa onda de crimes, 85 mil policiais militares foram surpreendidos, na semana passada, ao saber que seus holerites referentes a outubro sofreram descontos entre R$ 100 e R$ 1 mil. A polêmica foi provocada pela decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de suspender o recálculo dos benefícios dos sócios das associações de Cabos e Soldados do Estado e dos Oficiais de Reserva. Os valores incidiam sobre os adicionais que compõem o total que os militares recebem junto com os salários. Segundo dados da Associação de Cabos e Soldados do Estado de São Paulo, dos 27 Estados brasileiros, o salário inicial de um soldado da PM paulista é o 10º melhor do país (R$ 2.507), menos da metade do salário do Distrito Federal (R$ 6.662), o mais bem pago do Brasil. A baixa remuneração policial frente aos grandes riscos de se colocar a vida para defender a sociedade pode ser a principal razão para que, só este ano, 600 policiais tenham pedido baixa da função. É importante ressaltar que muitos dos problemas que afetam os policiais militares no dia a dia não são criados por facções criminosas, mas, ironicamente, recebem o aval do próprio Estado e da permissiva Lei de Execução Penal. Em países como Estados Unidos, por exemplo, quem está preso não recebe visita íntima e as conversa com advogado são monitoradas. Por aqui, a legislação permite o direito de mentir e o direito de permanecer calado. Em datas comemorativas, como Dia das Mães e Natal, muitos presos são liberados para... matar. O próprio serviço de inteligência da polícia identifica que muitos dos beneficiados pelas saídas temporárias acabam, ao invés de passar o período com a família, cumprindo ordens do crime organizado para matar policiais. Outra inconveniente verdade é que o Estado já não tem como garantir a eficácia do RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), criado para impedir que os grandes chefes do tráfico ou de organizações criminosas continuem agindo, mesmo estando presos. O regime representava, até então, o golpe mais duro que um preso poderia receber em São Paulo, mas a transferência do traficante conhecido como Piauí para um presídio federal mostra que no Estado mais rico e com a maior força policial do País, não há regime capaz de garantir que o criminoso não continue agindo. fonte o liberal

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