sábado, 2 de fevereiro de 2013

De 11 casas, especialistas aprovam apenas três ‘Estado’ visitou boates indicadas por leitores na web por meio da hashtag #baladainsegura

Com auxílio de cinco especialistas em prevenção contra incêndios, a reportagem do Estado visitou 11 baladas da capital. Todas foram indicadas pelos leitores do portal estadão.com.br, que, por meio da hashtag #baladainsegura, enviaram pelas redes sociais 986 mensagens com fotos e sugestões de locais a serem visitados – todos eles serão repassados aos órgãos competentes para fiscalização. Das casas visitadas em São Paulo, apenas três foram consideradas “impecáveis”. A The Week, na Lapa, com 4 mil m² de área construída – e cerca de 5 mil m² de área livre –, tem várias portas largas que podem virar saídas de emergência em caso de pânico. A Clash Club, na Barra Funda, chamou a atenção pela sinalização perfeita e a Villa Mix, na Vila Olímpia, por exibir material anti-inflamável no teto. A maioria das casas inspecionadas tem alvará e boa infraestrutura, mas não passou na avaliação dos engenheiros que colaboraram com o Estado. O Rey Castro, na Vila Olímpia, por exemplo, foi reprovado pelo engenheiro de segurança Carlos Eugênio por ter um extintor de água ao lado do palco. Perto de material elétrico, o recomendável é usar o de CO2. “Os bombeiros falaram que tudo bem manter o de água”, diz Milena Malzoni, sócia do Rey Castro. Problema igual apareceu no Na Mata Café, no Itaim-Bibi, inspecionada pelo engenheiro Ayrton Barros, que apontou outras irregularidades: “O corrimão da escada é mais largo do que o recomendado pelos bombeiros e no camarote há grades com barras soltas.” A casa informou que há dois anos teve a orientação dos bombeiros para reforma do local e instalação dos acessórios, como o corrimão. Extintores obstruídos. Na The History, a segurança ficou comprometida pela decoração. Todos os extintores estão obstruídos por sofás. Nas paredes forradas por espelhos, as placas de sinalização não ficam visíveis ao público. Já no Carioca Club, em Pinheiros, além de os extintores estarem obstruídos, os sistema de alarme e a luz de emergência estavam desligados. O especialista em segurança anti-incêndio Sérgio Ceccarelli notou ainda que as portas corta-fogo abriam para dentro, e não para fora como o recomendado. Ricardo Garcia, gerente do Carioca, diz que inspeciona a casa toda noite. “Temos ambulância na porta e bombeiro de plantão. A intenção é sempre melhorar.” Entre todas as casas, a She Rocks foi a única com portas de emergência mais estreitas do que o indicado. No Baixo Augusta, a Outs colocou a sinalização de emergência fora da altura recomendada. Ela deveria estar acima de 1,80 m, mas estava abaixo disso. “Estamos providenciando novas placas, de LED”, disse Edu Ramos, dono da casa. Na mesma rua, a Beco 203 não tem corrimão na escada e fios expostos em vários pontos. “Jamais passaria em uma inspeção elétrica”, disse Moacyr da Graça, da USP. Em nota, a casa respondeu que “a fiação elétrica aparente é a de funcionamento de palco, como microfones e aparelhos de som”. O problema da escada também será resolvido. Na Rua Frei Caneca, a Lapeju teve a pior avaliação: mesas obstruíam a saída e extintores não eram suficientes. “O extintor vencido é químico e, para locais de madeira como esse, deveria ser de água”, afirma o arquiteto Silvio Antunes, da empresa de consultoria FireStop. Os responsáveis pela casa não foram localizados. OS ESPECIALISTAS Ayrton Barros Engenheiro especializado em segurança do trabalho e dono da consultoria ASB-Engenharia. Carlos Eugênio Engenheiro de segurança e especialista em condomínios. Moacyr Alves da Graça Professor da Poli-USP e especialista em sistemas prediais. Silvio Antunes Arquiteto e dono da FireStop Sistemas Contra Incêndios, atua na área há mais de dez anos. Sérgio Ceccarelli Consultor particular e especialista em proteção contra incêndio.

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