sábado, 16 de fevereiro de 2013

‘Quebrou um cristal na relação’, diz Feldman

feldman.jpg O deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP) está colaborando com a criação do novo partido de Marina Silva, chamado por enquanto de “Rede”. Fundador do PSDB, o tucano diz que “quebrou um cristal na relação” com o partido. Em 2008, Feldman foi um dos protagonistas do racha do PSDB paulistano, ao apoiar a reeleição de Gilberto Kassab, então no DEM, contra a candidatura do tucano Geraldo Alckmin. Na época, o tucano chegou a falar em deixar a legenda. Feldman elogia, agora, o PSDB e diz que manterá uma relação republicana com o partido. Como estão os preparativos para a criação do novo partido? O lançamento do partido será no sábado (hoje), com a discussão do manifesto, do programa, do nome do partido e da organização do sistema de coletas de assinaturas. A partir de sábado, o partido se registra no cartório civil, vira uma instituição da sociedade civil e tem o período, se possível até setembro, de registro no TSE. Só a partir daí é que vira partido político mesmo, o que não cria uma contradição em apoiar a criação do partido e me manter no PSDB, até que isso se consolide. Estou deixando muito claro para não parecer jogo duplo. Está muito claro que estou ajudando na fundação desse partido. Se ele existir, eu vou migrar para ele, mas eu manterei até lá minha relação republicana com o PSDB. Conversou com a direção do PSDB? Eu já falei com todos os líderes em Brasília, já falei com uma parte dos líderes em São Paulo, já conversei com a militância nos órgãos oficiais deles, tenho uma audiência pedida com o governador Geraldo Alckmin, que imagino que deva ocorrer na semana que vem. Já tive uma primeira conversa com o Serra. Ele lamentou, desde 94 estamos trabalhando juntos, e acreditava que a gente pudesse continuar junto. Coloquei muito que é o momento de fechamento de um ciclo, fui fundador, dei minha contribuição ao partido e queria agora entrar num novo projeto. Não tem nada de infidelidade partidária, porque é um novo partido. Mas o Serra foi muito generoso, compreendeu esse meu processo e desejou boa sorte. Acha que realmente eu já estava num processo desde 2008, que piorou em 2010, e se consolida agora nesta perspectiva. Eu nunca imaginei em ir para o PSD (partido de Gilberto Kassab), como muita gente anunciou, mas esperava a construção de uma legenda que tivesse a minha história, a minha característica política. Serra vai te acompanhar no novo partido? Não, o Serra nunca aventou essa possibilidade. A conversa comigo foi sobre a minha opção. Ele abriu o congresso do PSDB em São Paulo, ele não colocou em nenhum momento a situação dele nem a possibilidade de sair. O PSDB, para mim, é o fechamento de um ciclo, como foi o PC do B, o PMDB, num período. Sempre a minha migração é para um novo partido, quando eu considero que encerro um momento nele. Eu senti, depois de 2012, o partido tem suas características próprias e suas lideranças próprias, eu estou desde 2012 em busca de uma legenda que abrigue os meus sonhos. Sou humanista, muito ligado ao movimento social, movimento popular, acredito na política como instrumento coletivo. Eu espero ter isso nessa legenda que vou ajudar a construir também. Mas não é nenhuma mágoa do PSDB, foi um período incrível, fui presidente da Assembleia, tudo que era possível do ponto de vista dos cargos que ocupei, como Casa Civil, foi dentro de uma representação partidária. Fui da Executiva Nacional também. Mas acho que se encerrou esse ciclo. O PSDB está sem rumo como partido de oposição? Eu acho que o partido está buscando encontrar o seu rumo moderno com esse congresso (que será realizado no final deste semestre). Faz muito bem, acho que o momento é para um congresso mesmo, para dar uma aperfeiçoada no programa partidário e na forma de organização interna. Mas, para mim, depois de 2008, com o racha que houve em São Paulo, quebrou um cristal na relação. Relação política é uma relação como de casal, tem momentos em que você tem que reconhecer que atingiu o seu limite. Por exemplo, na minha volta de Londres, o partido me abrigou, foi muito bom, mas nunca mais o mesmo que foi em 2008. O novo partido já tem a minuta de um estatuto. Quais pontos o sr. avalia como inovadores do ponto de vista partidário? Como o momento é de início do processo, o grande debate se dará quando houver o lançamento, aí serão seis meses de aperfeiçoamento. Mas ele já inova muito na visão de que os partidos políticos brasileiros se distanciaram do debate permanente com a sociedade organizada. E com essa nova sociedade, que é a rede, que não são instituições, são pessoas que pensam e que querem ter um protagonismo, que fazem isso através da rede. O partido futuro pretende ter uma relação com essa rede organizada, que não é incorporada pelos partidos políticos. O partido se propõe a discutir junto com a sociedade e discutir com ela os caminhos da representação. A segunda coisa é essa abertura para as candidaturas avulsas, que o sistema político do Brasil não permite. Tem que ser alguém de partido para ser um delegado parlamentar ou (disputar cargo de) executivo. O partido se abre para as candidaturas que o sistema político americano, alguns sistemas europeus, já abriram. O partido abre uma janela de filiação para que a pessoa possa livremente abrir o seu tema e discutir com a população e, a partir daí, eventualmente até conquistar um mandato. Mas não terá as exigências e as práticas políticas de um militante. A terceira é a cláusula pétrea da ficha limpa. E a relação da contribuição financeira limitada, em termos dos segmentos (da economia) que podem contribuir, e o limite financeiro de apoio para

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