terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Itália se mobiliza contra decisão do Brasil de não extraditar Battisti

Centenas de pessoas e vários políticos se manifestaram nesta terça-feira em diversas cidades italianas em frente a sedes diplomáticas brasileiras contra a decisão do Brasil de não extraditar o ex-ativista de esquerda, Cesare Battisti.


O maior protesto foi realizado em Roma, na frente da sede da embaixada do Brasil, por onde passaram, desde as primeiras horas da tarde, representantes das distintas forças políticas, tanto de direita como de esquerda, e centenas de pessoas.



Segurando bandeiras da Itália, do Brasil e da União Europeia, os manifestantes gritaram palavras de ordem como "O povo italiano não esqueceu, Cesare Battisti deve ser extraditado", "A Itália toda te espera, só Lula te defende" e "Justiça pisoteada".



Os organizadores encorajaram os presentes e curiosos a assinarem uma moção que será dirigida ao Parlamento Europeu para pedir a extradição à Itália de Battisti, condenado a prisão perpétua em 1993 pelo assassinato de quatro pessoas durante os anos 1970.



Em Milão, o partido Liga Norte organizou esta manhã em frente ao consulado do Brasil uma concentração da qual participou uma centena de militantes e na qual era possível ler cartazes como "Vergonha, vergonha" e "Battisti e Lula. O assassino e seu cúmplice".



Enquanto isso, o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, escreveu nesta terça-feira uma mensagem de tranquilidade depois de se reunir em Roma com Alberto Torregiani, filho de uma das quatro pessoas assassinadas por Battisti, e disse que esta situação "não mudará a relação entre os dois países".



No entanto, o Ministério de Exteriores da Itália não descartou, através de um comunicado, a possibilidade de realizar uma "iniciativa europeia promovida pela Itália" sobre o caso Battisti.



O titular deste departamento, Franco Frattini, se reuniu nesta segunda-feira em Roma com o embaixador italiano no Brasil, Gherardo La Francesca, e com o representante italiano perante a União Europeia, Nelli Feroci, para avaliar uma possível ação judicial em relação ao caso Battisti e suas repercussões em um âmbito europeu.



Em 1993 ,Cesare Battisti foi julgado à revelia por um tribunal italiano que o considerou culpado dos assassinatos de dois policiais, um joalheiro e um açougueiro, realizados na Itália entre 1977 e 1979.



No momento do processo Battisti estava na França, onde tinha obtido o status de refugiado político, mas fugiu em 2004, quando o Governo francês se dispôs a revogar essa condição para entregá-lo à Itália.



Em março de 2007 foi preso no Rio de Janeiro, onde, segundo fontes policiais, foi localizado durante uma operação conjunta realizada por agentes de Brasil, Itália e França.



Desde então, Battisti permanece detido em uma prisão de Brasília, de onde se declarou inocente e vítima de uma "perseguição política" por parte do Governo italiano.



No dia 31 de dezembro o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou a extradição de Battisti à Itália, solicitada por Roma, em seu último dia de mandato antes de passar o cargo para a presidente Dilma Rousseff.

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