sexta-feira, 22 de abril de 2011

Nos dias atuais, por Eliel Miranda

Quantas pessoas estão em busca de um sentido para as suas vidas? Quantas pessoas, na ânsia de se sentirem notadas, cometem atrocidades? Por que o ser humano é tão insatisfeito? Por que tantas incompreensões? Por que é tão difícil entender a pigmentação da pele, a convicção do credo, da política e das ideologias? Por que não aceitar o outro como se quer ser aceito? Por que tanta violência? Tudo isso é da natureza humana? Vai ser sempre assim?


No mundo, desde os tempos mais remotos, há conflitos. O primeiro homicídio conhecido é relatado pela própria Bíblia. Narra o Livro Sagrado que Caim matou Abel, talvez por ciúmes, por inveja ou por razões que a própria “revelação” deixou de revelar. Entretanto, houve o desejo do assassino de ser o centro das atenções. Ele quis ser notado e almejou não sofrer uma imaginada indiferença de Deus.


O tempo passou, o homem domesticou diversos animais, deixou as cavernas, construiu proezas, destruiu coisas, objetos e dizimou a própria história. O homem também traiu seus princípios, contrariou a sua natureza, navegou mares e aprendeu a voar. O homem ainda visitou o espaço sideral e, como se quisesse abandonar suas próprias dores, ele sumiu nos céus para depois voltar e outra vez sentir-se incompleto e desejoso.


As pessoas buscam um sentido para suas vidas, porque o cotidiano engole suas energias e, na maioria das vezes, as deixa fracas e desanimadas. As pressões do trabalho, da família, da comunidade, do consumismo e das imposições da autocrítica tiram a serenidade de quem não consegue se conectar com suas próprias verdades.


O desejo de ser alguém perante um grupo, quando é extremado, pode fazer com que a pessoa vá até as últimas consequências por uma atenção e um sentimento, que, ao contrário de ser de orgulho, pode ser de asco, de nojo e de aversão. Porém, mesmo nesses casos, o objetivo da atenção, nas mentes doentes, é alcançado e acaba, na matemática de uma mente lunática, sendo recompensado.


O ser humano planeja o amanhã, sendo até muito estimulado a se preocupar com o futuro; nisso, entram as ansiedades e o hoje vai ficando. O amanhã, para os demasiadamente insatisfeitos, nunca chega, porque sempre o amanhã é distante, sonhado e imaginado. O homem perde a sua força e a sua vitalidade, sem que o desejado amanhã chegue.


Quantos homens trabalham e juntam fortunas, compram bens e desejam o amanhã, sendo no “hoje” apenas ansiosos, sem a capacidade de serem gratos? Os desejosos pelo amanhã sempre usam expressões assim: “quando eu fizer isso”, “quando eu conseguir aquilo”, “quando meus filhos crescerem”, “quando eu terminar isso”... A vida termina, e o amanhã ainda não chegou.


O pior é que cada vez mais as pessoas se perdem nesses labirintos de dúvidas e incertezas. As ansiedades, a falta de cordialidade, de gentileza e a ausência de outras virtudes, como a empatia, a solidariedade e o altruísmo geram preconceitos, racismo e violência de todos os gêneros. Das incompreensões surgem dores que, para serem extirpadas, só com muita força de vontade.


Acredito que grande parte das tendências e dos acontecimentos do cotidiano seja consequência do que o próprio homem faz com as informações que transmite, com as descobertas científicas, com o marketing, com a publicidade, bem como da maneira como as vidas familiares são geridas. Penso que o homem pode ser melhor, mais próximo do seu semelhante, sem que isso envolva religião, mas o que pode perfeitamente ser alcançado por meio dela.


A maioria dos fatores sociais que interferem diretamente em sua vida diária não depende de você, mas, no pouco que depender de sua urbanidade, de sua espiritualidade e de sua capacidade para as coisas melhorarem, você pode colaborar. As futuras gerações poderão agradecer.



O Brasil é o país das desigualdades, em razão de problemas crônicos e antiquíssimos. A melhora não virá com radicalismo, pois, sendo radical, as coisas não se forjam para o bem. Mas podemos melhorar um pouco o mundo e responder que as coisas não serão para sempre como se apresentam, que os índices de criminalidade cairão, que o IDH subirá para todos e que um dia todo o ser humano terá capacidade de prover sua própria existência com dignidade


Utopia? Talvez, ou apenas uma forma positiva de enxergar a caminhada e de fazer uma pequena parte, pois o pessimismo e o negativismo não ajudam em nada. Tenha bons pensamentos e fale de coisas boas. Deixe as desgraças para os órgãos públicos, legalmente constituídos para esse fim, e ajude no que puder com boas ações. Assista a boas coisas; se as audiências caírem, esses programas de baixo nível de felicidade sairão da programação. Pense nisso!



Eliel Miranda, colaborador e sec de Segurança de Santa Bárbara d'Oeste

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