domingo, 28 de agosto de 2011

Apartheid Educacional

Historicamente, o apartheid foi um regime de segregação racial adotado na África do Sul por mais de 40 anos. Em suma, tal regime estabelecia uma explícita divisão entre brancos, negros e demais etnias, delimitando física e psicologicamente seus espaços. O apartheid classificava o indivíduo pela cor de sua pele, suas ascendência, esquecendo que todos integravam um grande grupo: o humano.

O título do presente artigo é uma crítica direta a postura segregacionista de pessoas que insistem em criar divisões dentro da Educação Básica, fazendo distinções entre alunos do ensino infantil, das séries iniciais e das finais do ensino fundamental. Essa visão fragmentada da Educação é um câncer que precisa ser extirpado da sociedade brasileira, de modo que possamos compreender que o processo educacional básico inicia-se no ensino infantil e finda-se na última série do ensino fundamental.

Tenho lutado, arduamente, para que a única escola do bairro Jaguari ofereça o Ensino Básico integralmente, mas tenho esbarrado no exacerbado egocentrismo de gente que acredita que a obrigação do município é garantir educação apenas até o quinto ano do ensino fundamental. E no sexto ano, será que a nossa obrigação moral com os educandos termina? Será que os alunos maiores merecem ser depositados em falidas unidades estaduais, que apesar da boa vontade de seus docentes, são desprovidas de estruturas que ofereça um ensino digno a formar cidadãos? E se tais alunos fossem nossos filhos, será que também não lutaríamos para que pudessem continuar na Rede Municipal, onde é notória a excelência da qualidade de ensino?

Espero não ter de ouvir, novamente, a hipócrita argumentação de que precisamos lutar por uma escola estadual digna. Ora, será que se juntarmos cinco mil pessoas e formos até o Palácio dos Bandeirantes, seremos recebidos pelo governador? As experiências demonstram que o governo estadual tem aversão a povo, chegando inclusive a colocar força policial contra professores, em recentes manifestações.

Espero e desejo que a Secretaria Municipal de Educação olhe com carinho para os pais do Jaguari, garantindo, em 2012 a manutenção da vaga de seus filhos em nosso CIEP.



Wellington Zigarti

Professor, advogado e jornalista



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