quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ensaio insano de um monarca laranja

Fábula é um gênero narrativo que surgiu no Oriente, mas foi particularmente desenvolvido por Esopo, autor que viveu no século VI a.C., na Grécia antiga. À Esopo foram atribuídas um conjunto de pequenas histórias, de carácter moral e alegórico. Por meio dos diálogos e das situações envolvidas, procurava-se transmitir sabedoria de caráter moral ao homem.

A nossa fábula conta a estória de um pequeno monarca. Em uma terra muito distante havia um jovem rei chamado Laranjel I. Assim como o rei Midas, que foi agraciado pelo deus Baco com o dom de transformar em ouro tudo que tocasse, Laranjel tinha um dom menos nobre: tudo em que punha suas mãos tornava-se cor de laranja.

Laranjel tocou um viaduto, e de maneira surpreendente, tudo alaranjou-se! Tocou as paredes dos postos de saúde, das creches, placas de sinalização e todas as coisas foram ficando com cor de abóbora madura.

Laranjel I era um rei que possuía muitos conselheiros. Um deles, depois de estudar por uma semana uma língua estrangeira, decidiu que em Laranjolândia (sim, esse era o nome do reino de Laranjel), as sinalizações de trânsito seriam escritas em um novo idioma. Assim foi feito, criando em Laranjolândia uma análoga e moderna versão de Babel. O povo reclamou, protestou, procurou a corte de Laranjolândia, mas nada foi feito, as inscrições em língua estrangeira continuaram pintadas nas ruas.

Já que falamos de ruas, o rei Laranjel I decidiu “doar” uma delas, proibindo os cidadãos laranjolandenses de circular pela mesma, sob a alegação de que o fidalgo recebedor da rua geraria empregos para o povo, o que jamais aconteceu, visto que logo depois, tal fidalgo entrou em processo de falência.

Em Laranjolândia havia também uma Câmara dos Nobres, na qual apenas quatro deles vestiam-se de vermelho, enquanto os demais ostentavam o laranja uniforme do rei. O rei ordenava, os nove nobres laranjas obedeciam. Assim, os impostos foram majorados, taxas foram criadas e o povo pagou caro pelas insanidades do “quase” Midas, que ao mesmo tempo em que castigava o povo de Laranjolândia, perdoava dívidas dos grandes nobres do reino, aumentando as desigualdades sociais e revoltando toda a laranja nação.

Nossa fábula é uma ficção e não tem lição de moral, pois ainda está sendo redigida diariamente por todo povo laranjolandense, que deseja arduamente não serem os “laranjas” do insano monarca.




Wellington Zigarti

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