sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Ensaio insano de um monarca laranja – Parte II

O rei Laranjel I continuava a usufruiu de seu mágico toque cor de laranja, porém seu preciso dom começara a dissipar-se. Um belo dia, enquanto degustava sua fanta laranja matinal, ordenou aos seus conselheiros que lhe trouxessem o mais importante jornal do reino, chamado “A Verdade”. Ao tocar o conhecido matutino, percebeu que o mesmo não alaranjou-se, o que deixou o monarca tomado pela ira. Laranjel ordenou, então, que o jornal “A Verdade” fosse banido de toda corte, deixando descontentes os súditos que apreciavam o diário de Laranjolândia. Os membros da corte, que de bobos nada tinham, passaram a lê-lo escondidos e, em pouco tempo, surgiu, nos bastidores do palácio real, um mercado negro e promissor de exemplares do “A Verdade”. Até mesmo o soberano Laranjel I, quando sentava-se no trono real para satisfação de suas necessidades fisiológicas, lia, longe dos olhares dos súditos, o exemplar diá rio do “A Verdade”.




Como é de conhecimento notório, “A Verdade” dói, e o censurado jornal cobrava do monarca condições mais dignas para os laranjolandenses, que sofriam com falta de médicos, vagas nas creches, altos impostos e uma Casa de Leis submissa aos interesses de Laranjel. O rei então, buscando amenizar a pressão sofrida pelo “A Verdade”, decidiu incentivar a criação de uma série de jornais cuja única função era massagear seu ego. Mas, como tudo que é proibido é mais gostoso, a população continuava a ler o “A Verdade”, até que o rei decidiu proibir sua leitura, também, na biblioteca municipal, digo, real.




O reizinho mandão, Laranjel I, acreditou que todos os seus problemas estavam resolvidos e que a população estava satisfeita com espetáculos e belas praças, pois apesar de não ter sido um bom aluno em História, aprendeu que no Império Romano, o povo “domesticava-se” com pão e circo fornecidos pelos improbos imperadores da época. Mas o reino foi abalado por um acontecimento inesperado: uma grande greve dos membros da corte, que negavam-se a vestir os uniformes laranjas e que necessitavam de melhores salários para sustentar suas famílias. Na queda de braço, Laranjel I teve de ceder para não ter uma revolução vermelha no reino. Mas tal episódio fica para uma próxima narrativa...

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