quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vendas diretas registram expansão global de 2%, mas Brasil cresce 17%

O mercado de vendas diretas movimentou US$ 132 bilhões no mundo em 2010, sendo que apenas a China faturou US$ 12,5 bilhões. Os dados, preliminares, foram discutidos ontem em encontro fechado entre líderes dos maiores grupos do setor na cidade turca de Istambul, onde acontece, a partir de hoje, um dos maiores eventos de vendas diretas no mundo. Ao se retirar o mercado chinês desse cálculo (o país não fazia parte das estimativas anteriores), a soma deve atingir US$ 119,5 bilhões – uma alta de 2,1% sobre 2009, quando o segmento se expandiu 2,2%. Os dados fechados devem ser apresentados nos próximos dias.

Número já divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD) mostrou que o setor cresceu 17,2% no Brasil em 2010, mas houve um arrefecimento no ritmo de expansão este ano. De janeiro a março, a alta foi de 8,9% em relação a igual período do ano passado, com vendas em R$ 5,8 bilhões. O desaquecimento da economia brasileira identificado por algumas empresas, com queda na velocidade de crescimento da demanda no setor, afetou os resultados, assim como a base de comparação alta (de janeiro a março de 2010, a alta foi de 19%), mas a expectativa da ABEVD é de uma expansão de dois dígitos em 2011.

Na conferência em Istambul, que acontece no Swissotel, às margens do Estreito de Bósforo, serão apresentadas ainda mudanças no comando da World Federation of Direct Selling Associations (WFDSA), principal órgão do setor e a responsável pelo evento. Alessandro Carlucci, presidente da Natura, deve ser anunciado oficialmente como o chairman da WFDSA, o primeiro brasileiro a ocupar esse cargo na história da entidade, formada por 60 associações e criada em 1978. Ele substituirá Andrea Jung, presidente mundial da Avon, na função e ficará à frente da associação por três anos.

O fato de Carlucci ocupar essa nova posição não deve ter um efeito maior no processo de internacionalização da Natura no mundo. Há um plano já em andamento para expandir as vendas para mercados da América do Sul, como parte de um projeto natural de crescimento, diz ele. “Não foi nada pensado, no sentido de ocupar essa função e fazer a empresa ser mais global. O que existe é um trabalho de crescimento da empresa que levou o grupo a ocupar uma posição de destaque”, afirma.

Segundo a revista “Direct Selling” informou há um mês, a Natura alcançou a terceira colocação na lista das 100 maiores empresas de venda direta do mundo, ultrapassando a alemã Vorwerk e a americana Mary Kay. Avon e Amway continuam líderes do setor. Neste momento, a Natura enfrenta um processo de ajustes em sua operação local em decorrência da desaceleração do mercado em 2011, conforme informou a companhia no balaço do segundo trimestre.

Na avaliação de Carlucci, há algumas questões principais em discussão no setor atualmente, e que devem ganhar força no período em que o executivo estiver à frente da entidade. Uma delas é o uso da tecnologia e da internet como ferramenta de aproximação com o consumidor. “Tenho algumas ideias novas sobre esse assunto. Acho que há espaço para usarmos mais e melhor os canais das redes sociais no relacionamento com as pessoas”, disse. “Acredito que dá para tirarmos o melhor que existe na Amazon, por exemplo, e o melhor que existe no Facebook para criamos algo que fortaleça a relação pessoal das empresas com o consumidor.”

FONTE: Valor Econômico (05/10/2011)

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