quinta-feira, 17 de maio de 2012

Vamos nos unir contra a Pedofilia Marcelo Harteman

O próximo dia 18 de maio é o dia Nacional de Combate a Pedofilia. Ainda assim, poucas vezes se vê um debate, como o que se inicia agora, com um tema tão chocante, tão triste, que represente tanto a degradação humana e que exponha tão abertamente as feridas de nossa sociedade, que pratica ações abomináveis contra aqueles mais dependem dela, contra aqueles que menos condição tem de se defender. Casos, tristes e revoltante, é muito mais comum e freqüente que se pode imaginar. Para se ter uma ideia, em muitos Estados houve mais de um caso por dia de violência sexual contra menores nos últimos 12 meses. É extremamente alarmante a situação. Mas é apenas a ponta do iceberg. Oculto sob a falta de denúncia existe toda uma perversidade de famílias desregradas, onde a violência é praticada por genitores, que me recuso a chamar de pais. Calcula-se que apenas 10% (dez por cento) dos casos de abuso sexual ocorridos dentro de casa são efetivamente denunciados. Seja por vergonha, seja por medo dos familiares frente ao agressor. Também há números que indicam a participação da genitora na confecção de parte muito significativa do material contendo pornografia infantil que a Polícia Federal apreendeu desde o ano de 2001. A genitora, que também me recuso chamar de "mãe", muitas vezes é a própria agenciadora do corpo da criança. Vendem a inocência, a honra, a dignidade, a moral, a sanidade e o futuro de crianças como se vendem bananas em uma feira-livre. É repugnante. Existe, ainda, o problema das mães que por desinformação, por um alheamento ou por ingenuidade, não enxergam o problema acontecendo dentro da própria casa. A criança sendo abusada sexualmente por um parente próximo, intimidada, não se manifesta, ficando apenas acuada, escondendo-se do mundo com vergonha da situação, e a mãe acredita que o filho é apenas "tímido", que é "esquisito" ou que "está ficando bobo" enquanto cresce. Isso é triste. O problema, é claro, vai muito além dos limites de nosso município. Aliás, o problema está por toda parte. Mesmo nas estradas ele ocorre. Um levantamento feito pela Polícia Rodoviária Federal identificou 130 (cento e trinta) "pontos vulneráveis" (bares, lanchonetes, postos de combustível, boites e outros) ao longo de cinco rodovias. A "vulnerabilidade" a que faz referência a PRF diz respeito ao uso de drogas e exploração sexual, inclusive infantil. Outro campo aberto para a disseminação da pedofilia é a internet. Seja na construção de sites com material pornográfico envolvendo menores, seja no aliciamento desses menores utilizando ferramentas de comunicação como o MSN, Orkut e facebook. Tanto na exploração comercial do sexo das crianças e adolescentes, quanto no abuso doméstico, um fator se mostra como preponderante na barbárie em que está tudo inserido: a falência do sistema familiar. Na família bem estruturada, onde os pais, avós, tios, irmão, primos agem como pessoas responsáveis uns pelos outros, onde agem com distinção, segundo as regras morais, não há espaço para violência, sobretudo sexual. Ocorre, no entanto, que vimos assistindo a degenerescência de nossa sociedade. A realidade social, não é um dado, é um construído. A cada dia se constrói o mundo em que vivemos. Nossos atos, nossas escolhas formam o mundo que está em nosso redor. E, se é fato que a nossa sociedade, que o mundo ao nosso redor foi forjado de forma desregrada, se hoje vivemos uma rotina de violência, de desrespeito à criança e ao adolescente, também é fato que não podemos e não iremos nos quedar inertes, assistindo passivamente o desenrolar dos fatos. Isso, jamais! De nossa parte, também temos que cerrar fileiras com os guerreiros por uma sociedade unida contra a pedofilia. Seremos intransigentes e incansáveis contra essa brutalidade. O "bicho-papão", que vive no imaginário infantil, deveria ser o único motivo de preocupação de nossas crianças. Mas ele hoje está mimetizado em figuras humanas, na maioria das vezes próximas, muitas vezes familiares. O silêncio dos que sofrem o abuso é a maior arma dos que cometem as atrocidades. Queremos desarmá-los! Precisamos estimular aos que sofrem qualquer tipo de abuso a que levem ao conhecimento da autoridade policial a situação. Com esta medida, daremos fim à certeza da impunidade das pessoas que cometem esse tipo de abuso. É indispensável que haja uma reformulação do modus operandi das forças policiais quando cuidarem desses casos. O sofrimento da vítima e da família deve ser respeitado e o acompanhamento psicológico é fundamental para a diminuição dos traumas causados. Deve haver a proteção integral da identidade das vítimas. Deve haver uma ação, rápida e efetiva na identificação dos agressores e o seu recolhimento, seguido de um julgamento rápido. É necessário que o Ministério Público aja com determinação. É necessário que a Justiça seja célere. É necessário que haja ações conjuntas desses dois órgãos juntamente com as Secretarias de Estado - principalmente as de Segurança Pública e a de Trabalho, Emprego e Cidadania - para que não percamos essa guerra contra o abuso sexual de crianças e adolescentes. É necessário que haja uma maior integração entre as ações dos Conselhos de Defesa da Criança e do Adolescente com as efetivas ações de Estado. É necessário compilar dados, caçar os bandidos que abusam e que expõem nossas crianças ao vexame. A fé em Deus e a esperança de que os homens de boa vontade nunca se cansem da luta, me dão força, todos os dias, para manter o ânimo e de sempre trabalhar por uma cidade, um estado e um país mais justo, mais humano.

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