quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sem razões para recesso

As câmaras municipais, assembleias legislativas e o Congresso Nacional protagonizaram na semana que passou, mais uma vez, um péssimo exemplo de como não poderia se comportar a classe política de um país que tem a intenção de ser sério, ao usufruir de um inexplicável período de férias que, em alguns casos, chega a durar 45 dias. Paralisar o trabalho legislativo, em todos os âmbitos, já representa deixar o cidadão sem representação alguma diante do Executivo. Só por isso, a instituição desta exclusividade benesse dos privilegiados políticos destes órgãos, deveria ser riscada. Mas não é só isso. O Senado e a Câmara dos Deputados atravessam, há vários meses, mais um período de intensa deterioração do parlamento brasileiro, com denúncias que vão de tráfico de influência a compra de políticos, centralizados no escândalo que envolve um milionário contraventor, membros do Congresso, órgãos do Executivo - de quem pouco se fala, neste momento - e poderosas empreiteiras. O momento é mesmo apropriado para férias? O lenitivo da questão é o prosseguimento, mesmo que capenga, da CPI mista que investiga o caso. Certamente que o período motivará deputados e senadores - além dos investigados - a praticar o que, em educação, se chama gazeta. Apesar disto, os membros da comissão afirmam que manterão a apuração do escândalo, mesmo com o recesso, e que nenhuma atividade programada terá prejuízo até o reinício das sessões ordinárias das duas Casas. Alguém acredita? No âmbito das câmaras municipais há situações comparáveis para rejeitar a paradeira de vereadores. Em Campinas e Limeira, que trocaram mais de uma vez de prefeitos, neste ano, nada justifica paralisar o trabalho legislativo diante de dezenas de questões que exigem a presença e o trabalho de vereadores. Deixar parados projetos, indicações, requerimentos e até de investigação sobre o que motivou a queda dos titulares é, no mínimo, itens que afrontam o recebimento de salários. Mais ou menos nesta situação estão as câmaras de Americana e de Santa Bárbara d'Oeste. Duas comissões de investigação estão condenadas à gaveta durante o recesso, mesmo com a gravidade do que motivou a instalação de cada um - diga-se que isto ocorreu apenas após intervenção do Poder Judiciário, porque a maioria dos vereadores, que apoiam o governo municipal, não queria investigar nada. A boa notícia é da Câmara de Santa Bárbara, atualmente administrada por um prefeito interino, mas que não terá recesso. A medida, que foi tomada bem antes do afastamento do prefeito Mário Heins (PDT), há quase um mês, deve ser vista como um alívio pela cidade.FONTE O LIBERAL

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