sábado, 3 de agosto de 2013

Morte e negligência

Com uma câmera escondida, familiares do aposentado Walter Czyplis, de 77 anos, desconstruíram o politicamente correto e denunciaram um problema que atinge hospitais públicos brasileiros, inclusive de Americana, Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara d'Oeste e Sumaré. Czyplis morreu no último domingo com edema pulmonar agudo, no Hospital Municipal Doutor Acílio Carreon Garcia, em Nova Odessa. Para a família, o aposentado foi vítima de negligência, uma vez que a médica de plantão não compareceu ao trabalho naquele dia e o idoso ficou sob os cuidados da equipe de enfermagem. No vídeo que ilustra a matéria produzida pela repórter Juliana Ferreira, publicada na página 5 da edição de ontem e potencializada em manchete deste impresso, funcionários da unidade hospitalar criticam a postura de uma médica, que estava escalada para assumir o plantão de domingo, mas não apareceu. "Desde as 15 horas, a médica teve a oportunidade de vir responder pelo plantão que lhe é cabível. Ela foi comunicada, ganhou o plantão do dia e não fez jus ao que recebeu. Agora fica todo mundo em uma situação de saia justa", desabafou um funcionário, ao conversar com familiares do aposentado, por volta da meia-noite do dia 28. A morte do aposentado, que havia sido internado na sexta-feira, traz dor para a família. O sentimento de perda, porém, é ainda maior em razão das circunstâncias. A falta de médicos a plantões é uma constante nas cidades da região. O jornal O LIBERAL tem noticiado com frequência casos de pacientes amontoados durante horas em salas de espera, em detrimento da falta de responsabilidade de profissionais que cursam medicina, assumem um compromisso social, mas ignoram juramentos e vidas como a do aposentado Walter Czyplis. Em reposta ao questionamento da reportagem, a Prefeitura de Nova Odessa informou que abriu um procedimento interno para apurar o episódio. Na nota, a administração tucana esclareceu que os plantões são presenciais, com exceção dos médicos que trabalham à noite, nas alas de cirurgia e ortopedia. Segundo o Executivo novaodessense, a falta pode resultar em processo na comissão de ética do hospital perante o Conselho Regional de Medicina. A família de Walter Czyplis promete processar o hospital e os médicos responsáveis pelo atendimento. Seja pela Justiça, pela Prefeitura ou pelo Cremesp, o caso deve ser apurado e, se houve mesmo negligência, os culpados precisam ser punidos. Não se pode aceitar que profissionais de saúde recebam sem trabalhar. Além de lesar o erário, esse tipo de postura compromete a qualidade de vida da população, coloca vidas em perigo e piora a "reputação" do serviço público de saúde. A médica ausente do plantão do último domingo de julho em Nova Odessa precisa entender que não exerce uma profissão qualquer. Quando ela falta, uma pessoa pode morrer. Deve ser difícil dormir com isso na consciência. FONTE O LIBERAL

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