sábado, 7 de maio de 2011

O terrorismo acabou? com ABRAÃO L SANTANA

Engana-se quem pensa que o terrorismo irá morrer ou diminuir suas ações com a morte com Bin Laden.

Não imaginemos paz eterna, pois qualquer cidadão com um pouco de conhecimento de como os fanáticos do mundo árabe (nem todos) agem e reagem concorda que terá troco por aí, em razão do líder do Al Qaeda ter sido morto por soldados americanos.

Consideremos um revide, muito embora Barack Obama, em seus discursos desde a façanha que ceifou a vida do terrorista admita que o caminho da Al-Qaeda se estreita, por não haver substituto à altura para personagem tão carismática, feroz e determinada até a obsessão como Osama Bin Laden.

A ação fulminante que entregou a Alá o príncipe do terror, não pode ser motivo para otimismo exagerado, caso os próprios americanos não desejem ser alvos do que em tese virá por aí.

O próprio presidente americano reconhece que o mundo ocidental precisa ficar em alerta máximo, com muita cautela e atenção em embaixadas e aeroportos do mundo todo.

Especialistas surgem a todo instante para opinar com relação aos herdeiros do trono de Osama.

Ayman al-Zawahiri, médico egípcio tido como ideólogo do terrorismo islâmico, é considerado o herdeiro natural de Osama. Sabe-se que sua investidura se seguiria a um período de comando exercido por parte do “Conselho”, chamado a reunir um grupo de notáveis. Segundo fontes paquistanesas, sabe-se que Zawahiri conta com opositores poderosos, que acusam-no de falar muito, e sempre a favor de operações extremadas, e realizar pouco.

Abu Yahya Al-Libi, de origem líbia, 48 anos, é outra figura muito cotada. Também não tem o silêncio e foco em resultado como Bin Laden e trata-se de intelectual vocacionado para a poesia e um orador empolgado.
No entanto, mistura liderança dura chegando ao terror, com insurreição. Abu Yahya já foi capturado pelos americanos, e conseguiu evadir-se do cárcere de Bagram, no Afeganistão, saindo como um herói pela fuga rocambolesca. Foi declarado morto mais de uma vez. Quanto a isso, há um mistério, pois não se sabe se continua vivo.

Imã Anwar al-Awlaki vem a ser a terceira personagem focalizada pelos analistas europeus. É o porta-voz da facção iemenita, dispõe de nacionalidade dupla (americana e mexicana - nasceu no México) e expressar-se com fluência em inglês.

Mesmo com várias opções, será muito difícil substituir Bin Laden, conforme estudiosos do tema.

Fica a pergunta: o terror terá continuidade? O que virá por aí?

A resposta às perguntas acima devem levar em conta, além do aspecto pessoal e pontual de Bin Laden, as reviravoltas que abalam o mundo árabe, do Magreb ao Oriente Médio, levando às praças, massas sequiosas de democracia e por ora claramente infensas ao terrorismo como instrumento de sua reivindicação. Todas dispostas a lutar.

A juventude árabe, sobretudo, milita na frente oposta àquela dos crentes do insanável conflito entre Islã e Ocidente. Barack- Obama insistiu no seu discurso de 3 de maio, quanto a esse aspecto, também para acentuar, com a devida veemência, que os EUA não fazem guerra ao Islã.

Amiúde, levemos em conta que as inquietações dos muçulmanos, vincadas por resultados violentos, são, de verdade, evento que precede a morte de Bin Laden. As ações verificadas a partir da Líbia, passando pelo Egito e chegando a grande parte dos países árabes, mostram que a pregação do terror não comove as massas.

Se dependermos de tudo que está sendo conferido no mundo árabe, a partir dos conflitos que vêm derrubando ditadores de anos, temos bons motivos de esperança em relação ao futuro próximo.

Porém, oportuno perguntar: caso as demandas das populações forem frustradas, não seria inevitável que os herdeiros de Bin Laden cuidassem de explorar a desilusão? Ou mesmo a raiva?

Esperemos especialmente na linha descendente de Bin Laden que não haja iniciativa para o revide, conforme o próprio Osama sugerira a filhos e esposas.

Quanto ao mundo árabe atual, foquemos o Egito e a Tunísia que estão na espera, até agora vã, da mudança que a maioria pretendia. Nem falemos da Síria e dos emirados, onde a diplomacia ocidental finge-se de cega.

A Líbia é uma incógnita, a despeito de rejeição de Kaddafi à Al-Qaeda: na Tripolitânia o ditador continua a contar com o apoio popular enquanto as tribos da Cirenaica têm seus motivos para constatar o lado patético do apoio ocidental.

Há quem diga que o terrorismo é anacrônico nos dias de hoje, mas a hipocrisia dos mais fortes não deixa por menos. Porém consideremos que os dois dão sinais de obsolescência.

O mundo atual já não suporta a retórica urdida para salvaguardar interesses estritamente materiais e estratégicos (petróleo em primeiro lugar) por trás de lições inflamadas de democracia. Tanto é verdade que o Ocidente se move em certas direções e não em outras, quando o coerente seria agir nas duas direções.

O comportamento ocidental, especialmente americano, nunca anteriormente doficaram tão evidentes.

A celebração euforica nos Estados Unidos quanto a morte de Bin Laden, especialmente no "ground zero", é compreensível, mas quanto mais evidências da celebração no ocidente, mais se acentua entre os radicais o desejo de revide.

Justo americanos comemorarem a operação cinematográfica levada a cabo no Paquistão. Merecido que seja ovacionada em praças e calçadas, mesmo porque a vingança é sentimento de força imensa, apreciado até por Aristóteles. Nem de longe poderíamos imaginar que o certo fosse prender Bin Laden para processá-lo à moda de Nuremberg.

O cabo à vida de Bin Laden, como devemos acreditar, provoca nos americanos um nacionalismo exaltado deplorável em qualquer latitude, mesmo porque revela, antes do provincianismo, a insegurança.

Barack Obama se fortalece nessa circunstância na perspectiva das próximas eleições presidenciais contra o reacionarismo do Tea Party e quejandos republicanos. Apenas levemos em conta que falta ainda bastante tempo para o pleito, tendo pela frente, ainda, a solução para a díficil questão econômica, com seus reflexos no bolso dos cidadãos.

Passada a euforia pela morte do terrorista Osama Bin Laden, Barack Obama terá mais peso a tentar tirar das costas dos eleitores americanos, visando sua decisão final nas próximas eleições.

"God Bless America" é a retórica de Obama por enquanto, exsatamente quando o momento indica que Deus não tem maior interesse pelo ser criado à sua imagem e semelhança, mas se houver a mais pálida chance de sermos ouvidos por Ele.

O Altíssimo sabe, como ninguém, em eterna turbulência, qual decisão tomar. E irá guiar os passos de americanos e povos outros do mundo todo.

Oremos!

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